segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Homens Fiéis na Bíblia

Homens Fiéis na Bíblia
Por: Edes - Auxílio ao professor da EBD
INTRODUÇÃO: O tema abordado nesta semana é muito importante, já que vivemos em meio a uma geração que passa por crise de integridade moral e espiritual de grandes proporções; talvez semelhante às gerações dos dias de Noé, Jó, Daniel, Ana, e muitos outros que alcançaram testemunho de sua fidelidade a Deus.
Ao apresentar o caráter e espiritualidade desses homens e mulheres como testemunhas de Deus em meio à corrupção, a Bíblia nos inspira a sermos fortes diante da corrupção generalizada vivida pela sociedade hodierna e até mesmo à grande apostasia visivelmente presenciada no seio da igreja militante. Pois, o mesmo Deus que os deu graça para serem e permanecerem fiéis no passado está vivo, e com o mesmo desejo de nos ajudar a renunciar o pecado e nossos interesses que constituem embaraços à nossa caminhada para o Céu.
I - UM HOMEM ESCOLHIDO: NOÉ
Noé encabeça a lista de três homens mencionados na Bíblia (Ez. 14.14) como símbolo de justiça e comunhão com Deus durante sua peregrinação terrena. Ele viveu por quase 600 anos (digo, quase porque não se conta sua fase de inocência até os 7 anos de idade mais ou menos), de maneira justa e piedosa, enquanto os demais homens viviam de forma corrupta e violenta, como confirma a própria Bíblia: "Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus" (Gen. 6.9). Isso nos mostra que Deus contempla desde o Céu, a vida de todo homem e sabe retribuir cada um segundo suas obras (Ap. 22.12).
A Bíblia deixa claro que só andarão dois juntos se ambos estiverem de acordo (Amós 3.3). O escritor do livro do Gênesis afirma que Noé andava com Deus, ou seja, ele tinha uma vida de comunhão ininterrupta com Deus. E por que ambos viviam em comunhão? A resposta está no próprio texto: por causa da sua justiça e integridade. Essas duas virtudes devem fazer parte do dia a dia de todo cristão fiel a Deus, por isso precisamos entender o que estes dois vocábulos significam. De acordo com o Dicionário Larousse Ática:
JUSTO - do (lat. Justus). Que anda em conformidade com a justiça, ao direito, a razão, a verdade, imparcial, etc. Isso quer dizer que Noé vivia sempre em conformidade com as leis de Deus. Mas ele não era apenas um cumpridor das leis divinas, abstendo-se da contaminação do pecado da sensualidade, da vida desregrada dos seus contemporâneos - ele era um incansável pregador da justiça. Ou seja, Noé ensinava ao povo a vontade de Deus para suas vidas e insistia para que houvesse uma verdadeira mudança no modo de vida que poderia ser visto através do caráter. Um dos maiores problemas sociais enfrentados por ele foi a violência generalizada, resultante do casamento misto, dos filhos de Deus com as filhas dos homens. Todavia, diante de um quadro crítico de violência, talvez como em nossos dias, Noé continuou praticando a justiça, sempre fazendo uso da razão para não prejudicar ao próximo e nem ferir a lei moral impressa por Deus em seu coração.
ÍNTEGRO – do (lat. Íntegros). Inteiro, completo, incorruptível, etc.
Uma das formas de pecado mais visível nos dias de Noé era a corrupção que é o antônimo de integridade. As pessoas do tempo de Noé possuíam muita semelhança da maioria das pessoas de nossos dias, quando o assunto é corrupção. A ganância pela riqueza tem corrompido a moral de muita gente, tornando-os infiéis em suas responsabilidades onde envolve dinheiro ou qualquer coisa que possa ser adquirida de forma ilícita para benefício próprio; a concupiscência carnal relacionada ao sexo tem permeado nossas ruas, praças, meios de comunicação e até as nossas igrejas com a sensualidade estampada pelo desenfreado nudismo. Talvez, se Noé fosse nosso contemporâneo, estaria envergonhado e dizendo que por mais pecadores e imorais que foram os antediluvianos, eles foram menos corruptos do que a sociedade hodierna.
 NOÉ – SUA JUSTIÇA
Nestes textos (Gen. 6.9; Ez. 14.14) os escritores não deixaram dúvidas sobre o testemunho de Deus a respeito de Noé como um homem justo e íntegro. Outras referências bíblicas confirmam esses depoimentos. Entretanto, não se pode negar o lado da imperfeição humana. Todo ser humano é imperfeito e falho, a própria Bíblia não deixa dúvidas a esse respeito, inclusive sobre o próprio Noé, ao citar sua embriaguez (Gen. 9.20-22), chegando ao ponto de ficar completamente despido e inconsciente.
Para Deus considerar uma pessoa justa ele avalia não apenas suas ações, mas também o que está dentro do seu coração. Ele analisa nosso esforço no sentido de obedecer a sua palavra, bem como aquilo que nos motiva a realizar. Alguém pode até manter um padrão de vida moral acima da média, ou para seus próprios olhos e da sociedade ser considerada íntegra, e para Deus, não ser considerada justa. Por quê? Porque Deus conhece todas as motivações que levaram a pessoa manter àquela conduta, identificando com precisão o egoísmo, a vaidade ou qualquer interesse alheio à sua vontade. Em outra situação alguém pode cometer alguns deslizes na vida moral e ser considerada justa diante de Deus, por exemplo: Abraão (mentiu por algumas vezes), Moisés (feriu a rocha), David (homicídio e adultério), Pedro (negou a Jesus desentendeu com Paulo), etc. E porque esses homens embora tenham cometido algum tipo de pecado que veio manchar sua reputação e afetado sua relação com Deus, tenham depois alcançado testemunho da própria Bíblia de que foram homens considerados santos, justos, etc.? O segredo está no fato de que tais personalidades não deram continuidade a tais práticas, pelo contrário, se arrependeram, confessaram a Deus, e evitaram a reincidência (embora a Bíblia não diga, mas ensina sobre essa exigência divina).
O fato de Noé figurar na galeria dos heróis da fé como homem justo, deve-se em primeiro lugar, ao fato de suas obras autenticarem a sua fé. Pois, antes de ele obedecer à voz de Deus para construir a Arca, ele já vinha sendo durante toda sua vida, um incansável pregador da justiça divina.
As obras praticadas por Noé testemunharam acerca da sua fé. Nossa fé é medida pelas obras que praticamos. O escritor aos hebreus dá testemunho da sua fé referindo ao ato de obediência a ordem de Deus na construção da Arca: “Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé” (Heb. 11.7); o apóstolo Tiago fala que Abrão foi considerado justo pelo fato de ter obedecido a Deus ao oferecer seu filho em sacrifício a Deus: “Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou” (Tg. 2.21-22). Da mesma forma aconteceu com Raabe que foi justificada pelo fato de ter acolhido e feito escapar em paz os espias na cidade de Jericó (v.25).
Observe que para Deus considerar alguém justo Ele conta além da fé interior (abstrata), a fé prática (obras). Para que a fé sirva como instrumento de justificação diante de Deus, o homem precisa ter como base o Sacrifício de Cristo como vicário (substituto). Ou seja, se você é um devoto fiel aos princípios bíblicos, sem estar baseado no sacrifício de Jesus, observando os mandamentos confiando apenas em seus próprios méritos diante de Deus, você não passa de uma pessoa miserável espiritualmente falando. Pois, por mais que tentamos ser justos ou perfeitos por nossos próprios méritos, jamais conseguiremos. Todavia, se você é um cristão dedicado e temente a Deus, mas por alguma falta de vigilância veio a se envolver no pecado; a partir do momento que você reconhece o erro, confessa-o e pede perdão a Deus em nome de Jesus, você é perdoado e considerado justo diante de Deus. Contudo, isso acontece por causa dos méritos de Jesus e não pelos seus próprios méritos.
Quando Deus olha para o pecador arrependido e perdoado Ele não vê seus erros praticados, mas a justiça praticada por Jesus. Por isso que alguém que tenha cometido algum pecado, mas tenha confessado e deixado, pode ser considerado justo semelhante a Noé e muitos outros personagens bíblicos.
II. ANA, UMA MULHER FIEL
Havia uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, avançada em dias, que vivera com seu marido sete anos desde que se casara e que era viúva de oitenta e quatro anos. Esta não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns e oraçõesE, chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém” (Lc. 2.36-38).
Apesar de a Bíblia não conter muitas histórias de mulheres, ela faz menção a vida de Ana, a profetisa. Uma mulher que legou às santas mulheres, grande exemplo de fidelidade e dedicação a Deus e à sua causa. Segundo a narrativa do Evangelista Lucas, Ana, apesar de viúva e possuir 84 anos de idade e já bastante fragilizada pelos anos, não arredava o pé da casa de Deus. Que exemplo maravilhoso de dedicação à obra de Deus!
Quanto contraste da vida dedicada da profetisa Ana, para a vida dos cristãos de hoje! Enquanto ela estava todos os dias no templo, nossas igrejas, em sua maioria, além de não ter cultos todos os dias, na maioria deles estão 10 por cento dos fiéis, o restante dos bancos vazios, e o ministrante do culto apenas; tal situação é sinal da apostasia, há muito tempo predita na Bíblia, e indica a proximidade do arrebatamento da Igreja.
Jesus deseja encontrar muitas Ana’s nos templos, por isso nos exorta: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Heb. 10.25). Infelizmente há um grande grupo que vai à igreja apenas como turista – de domingo em domingo; outros somente de mês em mês. E sabe por que isso acontece? Por falta de compromisso e dedicação à obra de Deus. Ana era dedicada; isso significa que Ana reconhecia que ela era apenas uma administradora do que Deus lhe havia confiado, inclusive do tempo.
O termo DEDICAR, no contexto bíblico quer dizer desprender-se a si mesmo pela causa do Mestre, é consagração de sua vida a Deus.
Deus, através de sua palavra exorta a todos seus seguidores a serem santos porque Ele é santo (I Pe. 1.16). E em toda a Bíblia Ele exige do seu povo a santidade, pois, sem ela ninguém conseguirá ser salvo.
A palavra SANTO possui dois significados importantes: o primeiro dá a ideia de separação – o segundo de dedicação. Nesse caso quem apenas se separa do pecado, mas não dedica parte do que é seu para cultuar e trabalhar para Deus, não está sendo santo do ponto de vista de Deus.
Que possamos a cada dia aprendermos mais do exemplo legado por Ana, que não usou suas limitações como pretexto para negligenciar a obra de Deus.
ANA – UMA VIDA DE ORAÇÃO E JEJUM
Uma mulher de idade avançada pode parecer debilitada para levar uma vida de constantes jejuns e orações. Contudo, Ana fez a fragilidade física adquirir forças, para fazer desses dois recursos uma prática habitual. Ela tinha consciência do valor sobrenatural que o jejum e a oração proporcionam ao cristão, por isso, renunciou muitos momentos de satisfação do seu apetite para se dedicar a Deus em oração.
O jejum e a oração são duas armas espirituais indispensáveis para a vitória do cristão. Sem o exercício dessas duas armas o cristão se torna fraco como qualquer ser humano natural diante das investidas do inimigo. Pois, o jejum e a oração transportam o homem do natural para o espiritual, e o torna capaz de resistir o diabo em todos seus ataques. Por isso, façamos como Ana que por sua dedicação teve o privilégio de abraçar o Filho de Deus em um dos seus momentos devocionais no templo.
III. UM JOVEM QUE DECIDIU SER FIEL
De família real, provavelmente descendente do rei Ezequias, Daniel foi levado cativo para Babilônia a mando do rei Nabucodonosor de Babilônia, para assisti-lo no trono real. Ainda adolescente foi apresentado ao rei juntamente com três companheiros vindos de Israel. No palácio eles seriam submetidos a certas regras impostas pelo rei, que contrariavam seus princípios religiosos aprendidos desde a infância.
Em Babilônia a nova cidade de Daniel, famosa pela imponência, e berço da idolatria que sempre desafiou a santidade e soberania de Deus; ele agora não tinha o sacerdote, o escriba, seus pais, etc. que estivessem ao seu lado para instruí-lo na Lei de Deus, pelo contrário, tinha ao seu lado, encantadores, feiticeiros, sacerdotes que serviam aos deuses pagãos, e todo tipo de gente idólatra que tentavam induzi-lo ás práticas idólatras através da adoração e da participação de sacrifícios dedicados aos ídolos. Mas, ele possuía em sua bagagem intelectual e espiritual o conhecimento do Deus verdadeiro, suficiente para mantê-lo firme no propósito de não se contaminar com a idolatria.
Ao chegar a Babilônia, Daniel encontrou em seu caminho muitos obstáculos que poderiam comprometer seu bom relacionamento com Deus. Além do já citado ambiente idólatra, ele era um rapaz de boa aparência, pertencente à classe nobre e da família real de Israel, intelectual e sábio; dotes que poderiam fazê-lo se orgulhar e por fim desviar-se do santo caminho. Todavia, ele considerou tudo isso como nada diante do seu conhecimento acerca do Deus verdadeiro, e que jamais negociaria suas convicções.
Muitos em nossos dias, ao contrário de Daniel, não souberam conviver com a fama, com o status social, com a riqueza, com a bela aparência, etc., e deixaram o orgulho tomar conta do seu coração e apagar as chamas do Espírito Santo em suas vidas. São pessoas que não tiveram estrutura espiritual suficiente para administrar esses valores e acabaram trocando os valores eternos pelos valores efêmeros desta vida.
Mesmo exposto a tantas formas de tentação, da carne, da alma e do espírito, Daniel se posicionou como um gigante imbatível, expondo até mesmo ao perigo de perder a vida nos dentes dos ferozes leões. Porquanto, sabia muito bem que Deus estava com ele, e era capaz de livrá-lo de qualquer afronta do diabo.
Com base no relato histórico de Daniel e no testemunho dado pelo próprio Deus acerca de sua fidelidade e justiça, podemos nos perguntar: Como ele conseguiu manter sua integridade diante de tantas tentações? A resposta está em quatro pontos relevantes: Conhecimento, fé, determinação e oração.
O servo de Deus que O conhece e sempre procura crescer nesse conhecimento, possui fé viva em Deus e determinação para não se desviar, e viver em constante oração, ele se tornará invencível diante da oposição do arqui-inimigo. Daniel foi vitorioso ao ponto de manter sua integridade e fidelidade a Deus porque além de suas qualificações morais, e de sua personalidade como servo de Deus, ele orava três vezes por dia. Ele foi vencedor, e qualquer jovem pode o ser também, basta seguir seus passos, pois Deus está pronto para se aproximar e abençoar qualquer um que O procurar.
CONCLUSÃO: Podemos concluir este pequeno comentário dizendo que como seres humanos, somos por natureza, defeituosos moralmente falando, e incapazes de sermos justificados diante de Deus por nossos próprios méritos. Contudo, na pessoa de Jesus – o Justo, temos a promessa e a garantia de sermos justificados ou considerados inocentes de toda culpa.

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