sábado, 31 de janeiro de 2015

A Crise de Fidelidade na Igreja



Por: Edes
Texto: Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor” (Ef. 1.4).

INTRODUÇÃO: Neste comentário farei uma síntese de alguns assuntos, para oferecer ao professor argumentos não contidos no comentário da lição.


I – AS DIMENSÕES DA CRISE DE FIDELIDADE NA IGREJA – A igreja militante passa por sérias crises em várias áreas. Isso está patente para todos os olhos que querem enxergar. Porém, quando se fala em crise na igreja, saiba que estamos nos referindo à igreja militante, porque a Igreja de Cristo (Universal e invisível) é composta por pessoas fiéis e de crentes de todos os tempos e de várias denominações religiosas cristãs, que embora passando por crises, ainda preservam os princípios cristãos mais importantes.

Dentro do contexto de crise, o pastor Josué Rodrigues, pontuou três aspectos importantes: Unidade, Comunhão e Ética. Talvez, por considerar valores relevantes para a Igreja de Cristo, já que a existência de crise em qualquer uma dessas áreas pode comprometer seriamente a vida espiritual do indivíduo ou da igreja em sentido coletivo.

1.1  – A Crise de Unidade
Uma das virtudes mais importantes para a igreja como povo de Deus é a UNIDADE – tão importante, que Jesus fez ao Pai uma oração intercessora para que seus discípulos (Igreja) fossem um, assim como Ele e o Pai são uma só pessoa (Jo. 17.21). Pois bem, para falarmos sobre essa questão é interessante que o professor mostre aos seus alunos o significado da palavra UNIDADE. Este vocábulo é de origem latina (unitas) e significa “um”. De acordo com a INFOPÉDIA, o sentido figurado deste termo é: conformidade de sentimentos, de opiniões, de objetivos a alcançar”. Isso é claro - quando se aplica o termo a um determinado grupo de pessoas.

É bom lembrar que quando se refere às pessoas em grupo, o termo “unidade” não é o mesmo que “união” ou estarem reunidos. Pois embora estes vocábulos tenham significados semelhantes, na prática, às vezes não é a mesma coisa. Veja um exemplo: Um templo religioso pode estar lotado de pessoas (estão reunidas), e cada uma possuir: objetivos, sentimentos e opiniões diferentes um dos outros. Nesse caso existe a união física por estarem todos reunidos em um mesmo recinto e não formarem uma unidade. Como exemplificado na lição bíblica pelo pastor Josué, os irmãos da igreja de Corinto estavam sempre reunidos no templo, mas, divididos em vários aspectos, inclusive na escolha da liderança - eles não conseguiam entrar num consenso – agiam como meninos olhando apenas o interesse próprio sem levar em consideração a vontade de Deus para suas vidas.

A unidade ensinada por Cristo foi também exemplificada por Ele quando disse: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo.14.9. Quando Jesus disse a Felipe que quem O visse, estaria vendo também o Pai, Ele não estava se referindo ao seu aspecto físico, mas as suas obras, caráter, personalidade, e atributos. Ele também deixa bastante claro a questão da unidade dEle com seu Pai, quando afirma: “Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou” (Jo. 5.30).  Um ensinamento que foi bem absorvido pela igreja primitiva, como é testemunhado pelo apóstolo Lucas: “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma (At. 4.32a).

A verdadeira unidade se torna real quando há concordância de pensamentos, ideais, vontades, etc. 

A crise de unidade pela qual passa a igreja dos dias atuais está relacionada ao egoísmo, a falta de amor ao próximo e à obra de Deus, a cobiça, a avareza, e muitos outros tipos de pecados que fazem o cristão perder sua identidade de filho de Deus e servo de Jesus; pois, segundo o Mestre, a unidade é o distintivo que identifica os filhos de Deus. 

1.2  – A Crise de Comunhão
A comunhão precisa ser exercitada no seio das igrejas que professam o nome de Cristo, por isso julgo que este tema chegou em boa hora.
A palavra “comunhão”, do grego (koinonia), do latin (communio, -onis) significa: participação em comum, associação, conformidade, uniformidade de opiniões, harmonia, etc. O maior exemplo de “comunhão” é apresentado pela igreja dos tempos apostólicos como está escrito: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações" (Atos 2.42).  Na Nova Tradução da Linguagem de Hoje, Lucas relata a vida de comunhão dos irmãos nos seguintes termos: “Todos os que criam estavam juntos e unidos e repartiam uns com os outros o que tinham. Vendiam as suas propriedades e outras coisas e dividiam o dinheiro com todos, de acordo com a necessidade de cada um” (Atos 2.44 e 45). Observe que a comunhão dos irmãos primitivos é traduzida pelo relacionamento interpessoal harmonioso, regado com amor demonstrado pela vida dedicada ao interesse comum. Eles não viviam apenas para si, mas também pela causa dos irmãos. Era na prática, o cumprimento do segundo maior mandamento (amor ao próximo). Lá não existia desigualdade social, pois não havia cristãos padecendo necessidades – o amor de Deus movia os corações dos ricos de tal forma, que ao vender suas propriedades, entregavam aos apóstolos para distribuir com os mais carentes. Eles viviam: um por todos e todos por um. É isso que Cristo quer que sua Igreja seja. Todavia, ensinar sobre este assunto para os cristãos modernos é ser alvo de piadas, pois vivemos numa geração impregnada de pessoas egoístas – sem empatia, sem misericórdia ou qualquer sentimento de solidariedade cristã.

Jesus quer do seu povo um relacionamento diferente do tipo de relacionamento vivido pelo mundo. Um relacionamento movido pelo amor filantrópico, que procura amenizar o sofrimento do seu irmão, que diminua as desigualdades sociais e glorifique o nome de Deus.

A igreja hodierna em contraste com a igreja do passado, além de não crescer como deveria; cresce cada vez mais o número de evasão ou apostasia da fé. E sabe por quê? Por falta de amor entre os irmãos. As pessoas não sentem bem recepcionadas e apoiadas, percebem que na igreja existem grupos específicos para cada classe social, onde ricos não se misturam com pobres, como se cada um vivesse em mundos diferentes. Líderes religiosos que tem tratamentos diferentes para ricos e pobres – enquanto massageiam o ego dos ricos com falsos elogios, fazem vistas grossas diante dos pobres.

Os cristãos modernos precisam viver como Cristo viveu ao estar neste mundo como ser humano. Ele viveu para servir aos necessitados e não para ser servido.  

– A Crise Ética
A ética é um assunto de abrangência muito ampla, pois ela está presente (pelo menos deveria estar) em qualquer instituição, relacionamentos, profissão, etc. Mas para falarmos de ética cristã ou na igreja, precisamos saber o que esta palavra significa.
“Ética” é um vocábulo de origem Grega “ethos” e significa “modo de ser” ou “caráter” - diz respeito ao costume, aos hábitos dos homens. Segundo o Dicionário Larousse Ática da Língua Portuguesa, Ética “é o ramo da filosofia que aborda os fundamentos da moral; conjunto de regras que orientam a conduta de uma atividade profissional”.

Do ponto de vista prático o indivíduo ético é aquele que segue regras ou princípios bíblicos relacionados à moral. O descumprimento desses princípios é considerado uma atitude antiética. Portanto, o cristão, como cidadão do Céu e da terra, deve ser o maior exemplo para a sociedade, tendo em vista possuir em suas mãos o maior Código de ética do mundo que é a Bíblia sagrada. Entretanto, a crise de ética tem tomado conta das igrejas de tal forma, que a maioria daqueles que foram chamados para serem luzes neste mundo tenebroso não fazem nenhuma diferença. Pelo contrário, se acostumaram tanto à vida de trevas moral, que aqueles que ensinam sobre retidão se arriscam a serem criticados e tachados de santarrões.

Aqueles que receberam de Deus a incumbência de ensinar aos outros, precisam antes de tudo, serem fiéis ao principal Código de ética (Bíblia sagrada). Pois, nele se encontra princípios éticos para o bom relacionamento do cristão com o seu Deus, com sua igreja, no seu emprego, com sua família, com as pessoas mais novas, com os idosos, com seus patrões, com seus empregados, enfim; a Bíblia contém todo ensinamento necessário para o indivíduo se tornar um cidadão (pois cidadão é aquele que cumpre as leis) de sua pátria e do Céu. Seus ensinamentos morais são incontestáveis e atuais, portanto, se hoje vemos as igrejas sofrendo uma grande crise moral, isso se deve ao fato da negligência da maioria dos líderes e liderados trocarem os ensinos bíblicos por Histórias de Carochinha.

Na prática, como acontece a falta de ética nas fileiras evangélicas? O pastor Josué enumerou as práticas mais comuns, tais como comprar e não pagar, corrupção, negocio escusos com políticos, etc. Mas, além disso, vemos outras práticas serem exercidas de forma destemida, como: a mentira, o roubo, a enganação, a falta de fidelidade no trato, etc. Entretanto, quero falar de dois importantes assuntos abordados pelo pastor Josué: Comprar e não pagar e corrupção.

Comprar e não pagar: Quando essa prática se torna pecado? Quando o sujeito é velhaco. O velhaco é aquele que compra ou toma emprestado com a intenção de trapacear - não paga porque não quer. Esse tipo de gente não chega ao Céu.

A questão da dívida é algo muito sério, e qualquer pessoa pode cair numa situação de merecer piedade. Nos dias em que estamos vivendo, de inflação acima dos ganhos reais do cidadão é muito fácil o assalariado mínimo se atrapalhar com as dívidas. Mas, muito mais fácil de perder-se em meio às dívidas é os profissional autônomo, que não possue renda fixa e tem que satisfazer suas necessidades básicas, tais como: alimentação, água, luz, remédios, roupas, etc. Entretanto, seja de qual foram as formas e origens que contribuíram para as dívidas - o devedor servo de Deus precisa trabalhar para honrá-la, caso contrário estará em dívida também para com Deus.

Corrupção: esse é o maior mal do século, e a cada dia invade o arraial dos santos. O termo corrupção geralmente nos lembra da classe política, isso deve ao fato de estarmos vendo nas mídias os noticiários de ações corruptas e corruptoras de políticos. Contudo, corrupção não é sinônimo da política partidária apenas, ela está presente em todas as instituições governamentais, inclusive nas igrejas.

O termo “corrupção” vem de ‘corromper” e significa: “Alteração, decomposição, depravação, ação de seduzir por dinheiro, presentes, etc. levando alguém a afastar-se da retidão; suborno” (Dic. Larousse Ática). Ou seja, é uma ação ilícita em que o indivíduo coloca em prática com a intenção de se beneficiar ou beneficiar outras pessoas de seu interesse. Hoje em dia a corrupção tem adentrado nos arraiais santos e assolado muitas vidas; eu vou dar alguns exemplos: Crente que recebe alguma vantagem em troca de sua participação em alguma ação corrupta de políticos, assinando documentos falsos; crentes que mentem para o INSS para conseguir se aposentar, dizendo que é lavrador sem ser; crentes que tem dinheiro ou plano de saúde para cobrir seus tratamentos médicos, mas cortam as filas dos hospitais públicos tomando a frente do pobre coitado que está morrendo sem condições de procurar um hospital particular; crentes que compactuam com chefes políticos corruptos para falsificar documentos para burlar as leis ou tirar o direito do pobre, enfim, não damos conta de enumerar tantas formas de corrupção praticadas por aqueles que deviam combate-las. Mas, precisamos falar também de nossos amigos políticos que gostam de fazer uma visita às igrejas de quatro em quatro anos! Aquele que as vezes nem crente em Jesus não é, mas, que em alguma data já presenteou a igreja ou o pastor em particular, no intuito de comprar a simpatia do pastor e da igreja. E quando chega lá as vezes dá tudo certo como planejado, é recepcionado como se fosse a maior autoridade da igreja, com honras que nem mesmo homens de Deus recebem. Ocupam o púlpito - lugar que deveria ser reservado apenas para as autoridades eclesiásticas; recebem oportunidade para fazer seus discursos demagógicos tomando o lugar do sermão, e muitas vezes até consegue receber a promessa do apoio da igreja, em detrimento ao candidato cristão, que por ser pobre, não teve como presentear a igreja. Como diz Boris Casoy: Isto é uma vergonha!

Peço desculpas por não ter sido possível terminar o comentário. 

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