No decorrer de nossa trajetória terrena estamos sujeitos a sofrer de várias doenças, dentre as quais em sua maioria pode ser curada através do uso de remédios, cirurgias, e outras formas de tratamentos. Contudo, algumas doenças são de origem psicossomática e precisam de um tratamento diferenciado por especialistas na área comportamental, pela obtenção do perdão dos pecados cometidos, e as vezes pela liberação do perdão a alguém que o tenha ofendido; pois, suas origens estão na alma, provenientes de algum problema psicológico ou espiritual causados por ressentimentos, mágoas, ódios, etc.
Uma pessoa que foi vítima de injustiças, calúnias e injúrias, se não perdoar a quem o ofendeu, do fundo do coração, pode com o decorrer do tempo ter problemas difíceis de serem diagnosticados pela medicina tradicional, pois segundo alguns entendidos, uma pessoa pode ter aversão à outra pessoa de tal forma, que ao vê-la ou ouvir sua voz, pode no mesmo instante sentir dores de estomago por exemplo.
Além dos problemas comportamentais e físicos, a falta do perdão nos leva a complicações muito maiores, que são as de origem espiritual, as quais podem comprometer seriamente a nossa salvação. Segundo Jesus Cristo, o nosso perdão por parte de Deus está condicionado a nossa predisposição para liberar o perdão àqueles que nos ofendem. Certa ocasião, para ensinar sobre o nosso dever de perdoar aqueles que nos ofende, Ele propôs uma parábola: “Por isso o reino dos céus pode comparar-se a certo rei que quis fazer contas com os seus servos; e, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; e, não tendo ele com que pagar.... Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves... Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.” Mat. 18:23-35.
Em primeiro lugar analisemos a situação desses dois devedores e que tipos de tratamento receberam dos seus credores: O primeiro devedor era servo de um Rei que resolveu acertar contas com ele, que depois de fazer um balanço de tudo que o servo lhe devia, concluiu que por ser a dívida tão grande (Se fosse hoje esse servo estaria devendo cerca de 126 mil kg de prata) se tornara impagável para um trabalhador que recebia por dia de serviços prestados apenas o equivalente a 0,04 gramas, por isso o Rei resolveu vendê-lo com toda a sua família e bens, para que o débito fosse saldado. Ao saber da medida tomada pelo seu Senhor, aquele servo prostou-se aos seus pés com rogos e insistia que lhes fosse generoso para com ele, e desse mais um tempo para o pagamento da dívida.
Aquele Rei sabedor da impossibilidade daquele servo diante duma dívida tão grande se compadeceu do mesmo e resolveu perdoá-lo por tudo o que lhe devia.
Certo dia, aquele servo que havia recebido o perdão de uma dívida tão vultosa, viu um amigo, quem sabe, um companheiro de trabalho, que lhe devia apenas o equivalente a 0,400gr de prata ou pouco mais de três meses de serviços, e ao encontrá-lo pegou no colarinho da sua camisa e sufocava-o dizendo: pagas o que me deves – mas o seu conservo implorando dizia: Seja um pouco generoso para comigo... Dei-me mais um pouquinho de tempo enquanto procuro um emprego para poder lhe pagar! – Mas impiedosamente aquele homem não atendeu os seus rogos e levando-o a justiça o colocou na prisão.
Os conhecidos daqueles dois homens e de tudo que lhes haviam acontecido; se indignaram com ele, por tratar o seu semelhante com tanta impiedade, mesmo tendo ouvido o clamor por misericórdia. Imediatamente fizeram uma comitiva e relataram ao Rei tudo o que havia ocorrido. Pelo que se indignou muito com a atitude daquele servo, e tendo mandado buscá-lo o repreendeu pela forma desumana com a qual tratou seu semelhante e como agiu de maneira ingrata, ao condenar um amigo por uma pequena dívida sem levar em consideração à enorme que lhes havia sido perdoada. E por isso, porque não teve compaixão do seu companheiro assim como o Rei o teve dele, sua dívida foi ativada e ele entregue a justiça para que não saísse da prisão enquanto a dívida não fosse totalmente paga.
Caro irmão, falo com você que conhece a palavra de Deus, pois é você e eu, o servo do Rei (Deus) que possuía uma dívida impagável, ao ponto de estar condenado a viver nas prisões eternas, mas Deus pela sua infinita misericórdia e graça, enviou seu Filho Jesus para pagá-la. Agora estamos livres para nos encontrarmos com nossos devedores e decidirmos o que fazer com eles. Perdoá-los como Deus fez conosco ou condená-los como fez o impiedoso servo. Sabendo, portanto, que se optar para fazê-los o mesmo que Deus fez a nós, continuaremos perdoados e livres da condenação. Pelo contrário se formos ingratos e impiedosos, Deus fará com que a dívida que tínhamos para com Ele seja reaberta e automaticamente cobrada no dia do juízo.
Assim como o homem da parábola foi entregue aos seus atormentadores para que sua dívida fosse paga, simplesmente porque não perdoou a quem lhe devia, acontecerá o mesmo com os cristãos impiedosos que não sabem perdoar. No próprio texto Jesus afirma: “Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas”.
Na única oração ensinada pelo Mestre Jesus, Ele diz: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” Mat. 6:12. Com este ensinamento Jesus é bastante claro ao afirmar que o perdão divino está condicionado ao perdão liberado por nós aos nossos semelhantes. Pois como você quer se livrar de uma grande dívida se não quer perdoar uma pequena quantia contraída pelo seu companheiro?
QUEM PODE PERDOAR PECADOS?
Às vezes as pessoas por faltar conhecimento sobre o “perdão” falam que não perdoam ninguém, porque quem pode perdoar é somente Deus. Por um lado quem faz essa afirmação está perfeitamente de acordo com os religiosos do tempo de Jesus que certa vez disseram: “Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?” Lc. 5:21b Por outro lado mostram desconhecimento, pois precisamos discernir o que a Bíblia fala com respeito o perdão de Deus e o perdão concedido por nós.
Precisamos saber o seguinte: Deus nos perdoa as ofensas que cometemos contra Ele apenas, e não a ofensa que alguém comete contra nós. Quem deve perdoar a ofensa que o irmão cometeu contra mim sou eu, porque ele a cometeu em primeiro lugar foi contra mim. Agora depois que eu perdoá-lo é que ele deve se dirigir a Deus para também concedê-lo o perdão, pois toda ofensa cometida a uma pessoa de certa forma ofende também a Deus.
Para melhor entender: Se peco contra Deus é Ele que pode me perdoar. Se peco contra um irmão é o irmão ofendido que pode perdoar-me.
A questão do perdão é algo sério, pois não se trata apenas de um direito, mas de um dever. Todo cristão conhecedor da palavra de Deus e deseja estar em paz com Deus, sabe que o perdão é algo necessário e deve ser liberado todas as vezes que alguém arrependido vier nos pedir.
Uma das coisas mais importantes sobre o perdão é que ele só pode ser liberado por aqueles que nasceram de Cristo. O homem natural se desculpa e aguarda uma oportunidade que possa se sentir vingado, mas os filhos de Deus perdoam e lançam no mar do esquecimento e não se vã gloriam quando o seu ofensor cai numa desventura.
O PERDÃO SOB A PERSPECTIVA DIVINA
Você já foi ofendido por alguém? Você já o perdoou? Caso positivo, qual foi o seu sentimento após o perdão e o que você se sente ao lembrar-se do fato?
É normal todo ser humano receber ofensas do seu próximo, principalmente aqueles que querem viver piamente segundo as leis de divinas, e às vezes Deus permite que isso aconteça para testar a nossa fé que professamos nele – um teste que avalia não apenas a nossa reação imediata, mas também a nossa disposição em conceder o perdão.
Em resposta a segunda pergunta você pode afirmar que todas as pessoas que lhe ofendeu você já o perdoou. Entretanto, não se pode confirmar se houve na verdade um perdão, e se na verdade ele foi aceito por Deus se não abalizarmos alguns detalhes, como se segue: O perdão verdadeiro deve ser incondicional, ou seja, se alguém lhe ofendeu e arrependido veio implorar o seu perdão, você não deve impor-lhe uma série de condições para que você possa perdoá-la. Jesus ao perdoar o pecador não lançou em rosto todos os nossos pecados e ingratidões, pois sabia muito bem que quando alguém se arrepende e perde perdão é por que reconheceu que errou.
Outro ponto importante – não há perdão de verdade quando não se abre mão de algum interesse próprio ou mesmo de um ponto de vista em prol da reconciliação. Existe uma ilustração bastante conhecida sobre essa questão: Conta-se que certo irmão em suas andanças se deparou com uma cobra coral, e a matou. Mostrou-a para o seu companheiro que disse – esta é uma Coral! O outro retrucou – é uma cobra! Os dois ficaram naquela disputa sem fim que foram se deparar na reunião ministerial. Lá foi dada a oportunidade para ambos expor suas contestações para que o pastor pudesse dar uma saída para o problema. Depois de ambos contarem seus pontos de vista o pastor os convocou para se perdoarem mutuamente. Um deles a fim de perdoar o irmão disse tudo bem seja da maneira que o irmão está afirmando. – É eu o perdoou, mas continuo afirmando que o bicho que ele matou é uma Coral mesmo! ... Esta pequena ilustração nos faz lembrar muitos casos de irmãos que só perdoa o infrator se ele ceder aos seus caprichos... Isso não é perdão! Jesus ao atender o apelo do ladrão que humildemente lhe pediu um lugar no céu poderia ter-lhe dito: Não vou lhe perdoar porque você só está querendo um lugar no céu porque está aqui quase na hora da morte! Porque você não se lembrou do céu enquanto estava livre e tinha me ouvido pregar sobre o arrependimento?
Outra questão séria sobre o que acontece a muitos irmãos que dizem ter perdoado é que não conseguem se esquecer da ocorrência da ofensa. Olha se eu perdoei alguém, mas fico alimentando aquela lembrança de que eu fui ofendido por aquela pessoa, não posso afirmar que houve o perdão verdadeiro. Pois o fato de estarmos sempre lembrando alimenta o nosso desejo de vingança, e a vingança só pertence a Deus. Quem perdoa faz como Jesus – Passa uma borracha no passado (II Co. 5:17) e começa uma vida nova. Tem provérbio popular que afirma: “Lembrar do passado é sofrer duas vezes”.
O perdão é a condição indispensável para quem quer ser perdoado por Deus, e é um ato de grandeza moral e humildade espiritual.
P. A. B. J. TO. 25.09.10