Gênesis é o livro do começo. Começo da história da humanidade e das respostas para vários questionamentos que muitas vezes nos intrigam. Através dele se conhece como tudo foi criado no céu e na terra, inclusive a comunhão que existia entre o Criador e o homem no inicio da criação, e como ela foi rompida posteriormente; bem como da providencia tomada por Deus com o objetivo de reatá-la.
Como se vê pelos registros sagrados o pecado foi a causa do rompimento da comunhão que existia no principio entre Deus e Adão, o representante da raça humana. Entretanto, a mesma voz do Criador que soou no Jardim perguntando: “Adão! Adão! Onde estás? Até hoje soa nos corações dos homens. Pois o desejo de Deus é que toda a humanidade tenha comunhão com Ele e com seus irmãos.
A comunhão é algo de grande importância para o homem, pois é por meio dela que ele se torna parte integrante da família de Deus - dos seus sentimentos, dos seus interesses, dos seus objetivos da sua vontade, etc., e como recompensa, recebe a adoção de filho, condição que lhe dá o direito de ser participante de sua herança. Como disse o Apóstolo Paulo: “E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” Rom. 8:17. Mas para que essa comunhão se torne realidade na vida do ser humano ele precisa estar de acordo com a vontade de Deus; pois: “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” Am. 3:3. É impossível se conseguir a comunhão com Deus sem antes o homem abandonar o mundo e suas concupiscências. João o Apóstolo escreveu: “Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade” I Jo. 1:6.
Assim, aqueles que andam com Deus é porque naturalmente estão de pleno acordo com Ele. E quem anda com Ele está protegido e abençoado, e por fim será levado para a sua morada celestial. Como aconteceu a Enoque o sétimo depois de Adão: “E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou” Gen. 5:22-24. Sabedor da necessidade que temos de estarmos em comunhão com Ele, Deus nos chama para por meio de Jesus Cristo nos abençoar e nos enriquecer com as bênçãos espirituais. Ele deseja que tenhamos comunhão com seu Filho Jesus, como escreveu o Apóstolo Paulo aos coríntios: “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor” I Co. 1:9.
JESUS DESEJA QUE TODOS TENHAM COMUNHÃO
Pouco antes de ser entregue nas mãos dos homens para ser crucificado Jesus ao orar ao Pai intercedendo pelos seus discípulos disse: “E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” Jo. 17:20-21. Esse desejo de ver o seu povo vivendo em comunhão demonstra a sua grande importância para a vida da Igreja. Não apenas uma comunhão segundo o conceito mundano, mas, algo de um significado mais profundo. Segundo o Pr. Claudionor C. Andrade, em seu Dicionário Teológico, o termo “COMUNHÃO (Do gr. Κoinonia; do lat. Comunicare, comunicar), sentimento de unidade que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Cristo Jesus. Tendo como vínculo o amor...” Como é o desejo de Cristo Jesus: “Que todos sejam um”. Uma unidade que é traduzida não apenas pela questão do espaço físico, pois estar reunido não é a mesma coisa de estar em comunhão. Uma igreja pode estar superlotada de pessoas, sem que elas estejam vivendo em comunhão. Por outro lado, alguém pode morar no Japão e a outra aqui no Brasil e experimentarem uma verdadeira comunhão.
A comunhão é algo que deve envolver o cristão em todos os aspectos, espírito, alma e até mesmo bens materiais. O Apóstolo Lucas nos fala o seguinte acerca dos primeiros cristãos: “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. Perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” Atos 2:44-47. Observe que além de estar sempre reunidos ninguém considerava seu, o que o era de verdade, pois o egoísmo não imperava entre eles. Pelo contrário, tinham tudo em comum, de tal forma que quando alguém vendia uma propriedade ou qualquer coisa de valor, imediatamente levava aos apóstolos para que eles pudessem dividir com quem tivesse passando alguma necessidade.
Hoje, no mundo em que estamos vivendo, com tantos cristãos egoístas que fazem vistas grossas para as necessidades dos seus irmãos; pergunto: Será se a maioria daqueles que afirmam estar em comunhão com a Igreja e com Cristo pode dar provas disso através de suas obras? Ou apenas vive no mundo de ilusões enganando a si mesmo?
Isso é algo sério! A comunhão verdadeira é evidenciada em primeiro lugar, pela empatia, que é você se colocar no lugar do outro. È você sentir a fome do faminto, a nudez do maltrapilho, as injustiças sofridas pelo injustiçado, a perseguição do perseguido, a prisão do preso, as dores sofridas pelo enfermo, etc.
Ou diante de todos esses casos você demonstra pouca ou nenhuma sensibilidade? Se a sua sensibilidade diante do sofrimento do seu irmão ainda não se tornou realidade, você ainda precisa aprender algumas lições importantes de comunhão com o Mestre por excelência.
Outra coisa importante que a comunhão proporcionou aos cristãos primitivos foi o desejo de estarem reunidos no templo louvando o nome do Senhor Jesus. E todos os dias estavam no templo. A comunhão que eles tinham com Jesus Cristo e com os irmãos os impulsionavam a estarem sempre juntos para cultuarem a Deus no melhor lugar que existe no mundo que é a casa de Deus.
Você é como um daqueles irmãos que tinha prazer de estar no templo prestando cultos ao Criador? Ou se contenta apenas indo uma vez por semana, ou mesmo uma vez por mês para tomar a santa ceia? Quem ama a Deus e aos irmãos têm o maior prazer de estar na casa de Deus. O Salmista Davi assim escreveu acerca do seu prazer de estar na casa de Deus: “ALEGREI-ME quando me disseram: Vamos à casa do SENHOR” Sl. 122:1. Em outro salmos dirigido ao cantor-mor e aos filhos de Corá está escrito: “QUÃO amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos! A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo. Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde ponha seus filhos, até mesmo nos teus altares, SENHOR dos Exércitos, Rei meu e Deus meu. Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvar-te-ão continuamente (Selá.)” Sl. 84:1-4. Quem tem comunhão sente prazer de estar juntos, mesmo que isso possa custar algum sacrifício. Lembro-me de quando eu namorava a minha esposa, há cerca de 27 anos - eu viajava 290 km quase todos os finais de semana para encontrá-la, só pelo prazer de estarmos juntos. Assim é com Deus, mesmo sabendo que Ele pode estar em qualquer lugar que estivermos, mas se temos comunhão com Ele, fazemos qualquer sacrifício para estar em sua casa (Templo), pois foi lá o local que Ele reservou para que pudéssemos adorá-lo.
Os cristãos primitivos tinham por costume realizarem refeições em suas casas e convidarem os irmãos para juntos se confraternizarem. E com alegria e singeleza de coração partiam o pão. Isso nos mostra a verdadeira importância da comunhão entre os irmãos, pois o problema do orgulho e prepotência desaparece para dar lugar a simplicidade e a humildade. Cristãos orgulhosos que não querem se misturar com os irmãos mais humildes demonstram falta de comunhão verdadeira. E para esses o conselho que os dou é que aprendam com o Mestre Jesus, mesmo sendo Deus não usou dessa prerrogativa para demonstrar sua grandeza, pelo contrário, se identificou com o mais indigno dos homens.
O termo comunhão possui um significado extremamente interessante para os cristãos; pois passou a significar a santa ceia do Senhor Jesus. Paulo ao escrever aos irmãos de Corinto disse: “Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?” I Co. 10:16. Talvez o ato de participar da ceia seja o que mais esclarece o significado da comunhão, pois o próprio Jesus ao instituir a ceia disse: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” Jo. 6:56. Isso significa que ao participar do sangue e da carne de Jesus, os cristãos passam a ser uma só pessoa com Cristo, pois no sentido espiritual, ambos se tornam participantes e partes integrante do outro.
O chamado a comunhão tem soado desde os primeiros dias da história da Igreja, mas, é impossível termos comunhão com Deus e não podermos demonstrá-la por meio do nosso relacionamento com nossos irmãos. Por outro lado, precisamos saber que a comunhão entre irmãos é o resultado da nossa comunhão com Deus, pois quem não tem comunhão com Ele, não consegue tê-la com outra pessoa. Por mais que o relacionamento com outra pessoa seja estreito, no fundo não passa de ser motivado por algum tipo de interesse ou troca de gentilezas.
P.A.B.J-TO.
15/05/10