sexta-feira, 12 de março de 2010

BUSCANDO O ARREPENDIMENTO


No plano de redenção da humanidade traçado por Deus, constatamos que existem exigências que parecem ser mais importantes do que outras; dentre elas o arrependimento parece ser a que mais causa impacto no processo de salvação. Pois, sem se arrepender dos seus pecados o pecador nunca terá condições de alcançar a comunhão com Deus e alcançar o perdão; por isso, o assunto mais abordado nos sermões pregados por João Batista e posteriormente por Jesus foi o arrependimento.

Mas o que é arrependimento do ponto de vista bíblico? Para entendermos melhor, vamos pegar como ilustração a parábola do filho pródigo, como segue: “E disse: Um certo homem tinha dois filhos; e o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades e foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos e desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.” Lc. 15:11-21.

Na situação do filho pródigo vemos o retrato da humanidade sem Deus, que por não valorizar as riquezas que o Criador a entregou, achou por bem desperdiçá-la na satisfação de suas paixões carnais. E tudo isso motivado pela ilusão da falsa aparência de prazer e felicidade que o pecado proporciona.

O rapaz da parábola depois de refletir um pouco sobre os valores mundanos decidiu exigir do pai a parte dos bens que lhes pertencia. Depois de haver se apropriado do valor de sua herança, partiu para um lugar distante, onde poderia, longe do seu pai, gastar o seu dinheiro como bem interessasse sem ter que ouvir qualquer opinião paternal. Acontece que como nem tudo o que reluz é ouro, dentro de pouco tempo em que se entregou as vaidades e delícias do mundo, o seu dinheiro desapareceu como num passe de mágica; vindo com isso, colher os frutos amargos de sua insensatez. Não havia mais dinheiro nem mesmo para satisfazer suas necessidades básicas e com isso perdeu também os amigos que havia conquistado com o seu dinheiro. É - a vida é assim! Geralmente o número de amigos que alguém possa conquistar está condicionado às possibilidades que ele tem a oferecer! Muito dinheiro ou influencia social e política é sinônimo de muitos amigos. Se você não tem nada disso, poucas pessoas se interessam em sua amizade. Mas, Deus é o Pai que não está interessado em bens materiais, ou qualquer valor secular, mas nos ama da maneira que somos; pois Ele mesmo é o verdadeiro dono do ouro e da prata.

Depois que o pródigo rapaz percebeu a sua real situação, diz que ele caiu em si. Ou seja, ele comparou a sua real situação com a vida em que levava antes quando esteve na casa do seu pai quando disse: “E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!”. O que percebemos nesse monólogo é a declaração de sua convicção sobre a situação de miséria em que vivia; ao que podemos denominar de CONVICÇÃO. Isso mesmo: A primeira coisa a ser sentida pelo pecador no caminho que o leva em direção ao verdadeiro arrependimento é ter a CONVICÇÃO de sua real situação de pecados. Como alguém procuraria o médico sem que se sinta doente? Assim é o pecador – Enquanto ele não perceber que está em pecado nunca ele irá procurar se interessar mudar de vida. E essa convicção não depende unicamente da pessoa, mas da obra de convencimento que o Espírito Santo faz no coração. Jesus ao referir desta obra maravilhosa disse: “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo” Jo. 16:7 e 8.

Sabemos que quando o Espírito de Deus nos faz cientes dos nossos pecados é porque Ele deseja que arrependemo-nos deles. E a partir do momento em que o pecador é convencido dos seus pecados atuais, ele deve fazer como o moço pródigo que disse consigo mesmo: “Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros. Essa atitude interior demonstra a verdadeira tristeza pelo pecado. E isso explicarei mais adiante. Existe dois tipos de tristeza pelo pecado, no entanto, ambas tem motivos diferentes e resultados opostos. Uma é a tristeza segundo Deus; que ao ouvir a voz do Espírito no seu coração, o pecador se entristece peço fato de ter transgredido os mandamentos de Deus e ter perdido a comunhão com Ele. É o caso do jovem da parábola que após cair em si; lamentou o fato de estar sofrendo, enquanto que na casa do seu pai os seus empregados gozavam de uma vida próspera. Outro exemplo para esse tipo de tristeza produzida pelo Espírito de Deus foi o caso do Apóstolo Pedro que após ter negado a Cristo, chorou amargamente demonstrando uma atitude de verdadeiro arrependimento. Talvez o seu choro traduzisse um sentimento de indignação consigo próprio por faltar a vigilância e isso fazê-lo negar uma pessoa tão bondosa e amável que era o seu Mestre.

Existe outro tipo de tristeza, a tristeza segundo o mundo, e essa não produz nenhuma demonstração de arrependimento. É o caso de Judas que após negar a Cristo sentiu remorso ao perceber que havia cometido um grande erro em trair uma pessoa inocente e saber que esta pessoa era o próprio Filho de Deus. Mas o que demonstra que ele não se arrependeu? Primeiro, se o seu arrependimento fosse verdadeiro, ele teria aproveitado enquanto Jesus estava vivo e procurá-lo par pedir perdão por ter cometido tamanho pecado. No entanto, foi procurar as autoridades para devolver o dinheiro da traição; depois, correu para cometer o suicídio. Como se dissesse – já que não tem mais jeito para mim, vou dar cabo de minha vida!

O ser humano, principalmente aquele que conhece a Palavra de Deus pode sentir remorso por tantos pecados cometidos, que pode até sofrer de doenças psicossomáticas, e não querer abandoná-los. Muitos chegam a ter uma vida tão miserável e infeliz que acabam fazendo como Judas Iscariotes; tiram suas próprias vidas para se livrarem da angustia que os atormenta. Talvez você se pergunte: Porque Judas teve tamanha coragem de trair o seu Mestre, e depois não ter a coragem de confessá-lo e pedir perdão? Olha o caso do pecado de Judas não aconteceu do dia para a noite; acontece que ele não era um cristão verdadeiro. Durante a sua caminhada com Jesus, ele ficou conhecido como ladrão, pois era o tesoureiro e costumava subtrair parte do dinheiro arrecadado para seu próprio benefício, como está escrito: “Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse:Por que não se vendeu este ungüento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres? Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava” Jo. 12:4-5. Foi por levar uma vida mista que satanás encontrou espaço no coração de Judas para conduzi-lo a um abismo maior. “Entrou, porém, Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, o qual era do número dos doze” Lc. 22:3. Como diz as escrituras: “Um abismo chama outro abismo”. Um pequeno pecado se não confessado e deixado a tempo pode levar o indivíduo a praticar coisas imagináveis e conduzi-lo ao fundo do poço. Deixando a margem da sociedade e excluído do reino de Deus.

Diante da possibilidade de nos envolvermos em uma dessas situações que podem determinar o nosso destino eterno, o Profeta Isaias nos aconselha: “Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar” Is. 55:6 e 7.

“Pai, pequei contra o céu e perante ti...” Essa foi a declaração do moço ao encontrar com seu Pai. Ele confessou o pecado que havia cometido ao sair de casa e dissipar todos os seus bens com os prazeres do mundo.

Prezado leitor, não existem indícios de um arrependimento sincero se o pecador não assumir o seu pecado e não confessá-lo a Deus. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” I Jo. 1:9.

A última evidência do verdadeiro arrependimento é a conversão. Ao justificar a cura do coxo perante as autoridades em Jerusalém, disse o Apóstolo Pedro: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor” Atos 3:19. Converter é se dirigir para uma direção oposta; é fazer uma meia volta. O pecador arrependido após confessar os seus pecados os abandona e procura viver em novidade de vida. " Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós, Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” Ef. 4:28-32.

Jesus está voltando, portanto, tenha uma vida de comunhão com Deus. Ouça a voz do Espírito de Deus quando o advertir sobre o perigo que o cerca, pois os dias em que estamos vivendo são maus, o que exige de nós maior cuidado com a nossa vida espiritual. Se você tem se envolvido com algum tipo de pecado, procure o caminho do arrependimento o quanto antes, pois o amanhã só pertence a Deus, e depois que partirmos desta vida, o nosso destino estará selado até o encontro com Deus.

Tenham um bom fim de semana!

P.A.B.J. – TO. 12/03/10



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