Por: Edes
Durante o tempo de sua peregrinação, Jesus observou com atenção como Ele e João Batista foram recebidos pelos seus contemporâneos, e percebeu que os milagres que realizaram não foram suficientes para que eles fossem considerados como enviados de Deus. Pelo contrário, a cegueira espiritual, e o preconceito do povo acerca do modo de viver de ambos falaram mais alto, ao ponto das pessoas os considerarem como charlatães; alcoólatra, glutão, pocesso de demonios, etc. Tal preconceito revelou superficialidade no conhecimento das Escrituras; fanatismo religioso e desinteresse com relação ao conhecimento de Deus – era na verdade, o retrato da geração do século XXI. Com tais comportamentos Jesus, em tom de desabafo disse: “Mas a quem hei de comparar esta geração? É semelhante a meninos que, sentados nas praças, gritam aos companheiros: Nós vos tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações, e não pranteastes. Pois veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Tem demônio! Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! Mas a sabedoria é justificada por suas obras” (Mateus 11:16-19). Ele deparou com uma geração de pessoas preocupadas com tradição religiosa, com ocupações seculares, com entretenimento e coisas de pouco préstimo espiritual. Seus corações e mentes estavam tão ocupados com as coisas desta vida que não possuíam espaço para comparar os milagres, os ensinos de João e Jesus com as Escrituras, para ver se realmente eles eram dignos de créditos. Uma geração que não possuía conhecimento e interesse o bastante para enxergar o poder de Deus através dos milagres inéditos realizados, nem pela vida moral ilibada vivida por eles. Contudo, via apenas o que queria ver.
Ao
observar a indignação de Jesus em relação à geração de dois mil anos atrás,
chegamos à conclusão de que se Ele tivesse que falar alguma coisa a respeito da
indiferença vivenciada pela maioria dos cristãos atuais, em relação aos valores
espirituais, seu discurso seria o mesmo. Pois, vivemos dias de grande
afastamento da fé, onde se fala muito em Jesus em todos os lugares, mas poucos
querem aprender dEle, para saber a melhor forma de agradá-lo. Para constatarmos
essa verdade basta examinar o que os cristãos mais curtem e compartilham nas
redes sociais.
No
início deste ano propus colocar em prática algo que fiz algumas vezes em 2010,
que foi escrever artigos sobre temas abordados na lição da EBD com o intuito de
auxiliar aos professores com argumentos e recursos não apresentados na lição
bíblica. Porém, fiquei um pouco decepcionado ao perceber por meio das curtidas
e compartilhamentos, que poucos irmãos se interessaram em lê-los. A partir de
então, despertei minha curiosidade e passei a observar o que os evangélicos
mais curtem no Facebook, e constatei que a maioria não está preocupada em ler
sobre doutrinas bíblicas - algo de importância para a vida espiritual, mas em
assuntos banais sobre entretenimento, coisas curiosas, temas que despertam a
sensualidade, à violência, assuntos políticos, sofrimento do próximo, coisas
mirabolantes, enfim, coisas sem muita importância para o enlevo espiritual. Aí,
percebi com quanta sabedoria Jesus usou episódios como lições para retratar a
realidade de apatia das pessoas em relação às coisas sérias da vida. O ser
humano não está predisposto a assistir ou ler algo que proporcione satisfação espiritual;
mas que causa prazeres carnais, que o faça sorrir, sentir momentos de alegrias,
que o faça sentir importante, que exalte o seu orgulho, etc. Algo que faça da
natureza velho-adâmica a rainha, e o espirito seu súdito. Mas Jesus disse uma
frase muito sábia: “a sabedoria é
justificada por suas obras”. Ou seja, é
pelos seus resultados que a sabedoria de Deus mostra que é verdadeira.
A Sabedoria é justificada por suas obras
Jesus,
com essa expressão estava dizendo para os críticos que Ele não precisava usar discursos
verbais para provar sua deidade, pois, suas obras eram suficientes para eliminar
qualquer dúvida. Ele - a sabedoria de Deus entre os homens, em todas suas
palavras e obras, mostrava que somente um ser divino podia realizar o que Ele
realizava. Contudo, a carnalidade dominante nos corações de pedra falava mais
alto, de forma que não conseguiam assimilar nem absorver seus ensinamentos
geradores de vida eterna e da verdadeira sabedoria que vem do alto.
Nossa
geração pode ser a última, até que aconteça o grande dia do arrebatamento da
Igreja, e não podemos nos entregar às inclinações da carne que só deseja aquilo
que a satisfaz. Precisamos estar mais atentos às verdades do Evangelho de
Cristo, pois o tempo que nos resta nesta terra é muito breve e precisamos
aproveitá-lo na dedicação à obra do Mestre, e para isso temos de nos despojar
do preconceito em qualquer aspecto, examinar tudo, e reter o que é bom (como
aconselhou Paulo).
Assim
como aconteceu dois milênios atrás, Jesus tem usado muitos flautistas e
lamentadores de plantão, nos templos, nas praças, nos desertos, na mídia
impressa, na mídia eletrônica, enfim, em todos os meios de comunicação, a fim
de mostrar a realidade dos propósitos de Deus para com a humanidade, e nós que
conhecemos a sua Palavra não podemos deixar ser levados pelo preconceito, o
orgulho, e a ilusão de que já temos conhecimentos bíblicos suficientes para
prosseguirmos em nossa jornada espiritual. Precisamos continuar crescendo no
conhecimento das Escrituras para que tenhamos estrutura suficiente para
resistir os impactos causados pelas ondas de perseguição que o deus deste
século levantará contra o povo de Deus.
Certo
dia enquanto navegava pelas paginas do Facebook deparei-me com um post de uma
pessoa que havia dito, mais ou menos assim: “Os evangélicos estão se aperfeiçoando
na música e ficando analfabetos no conhecimento bíblico”. Em parte essa
afirmação é verdadeira. Digo em parte, porque a música é um dom divino – quem não
tem uma boa voz, não existem recursos técnicos que o faça se tornar um bom
cantor. Por outro lado, constatamos ser verdadeira a afirmação da negligência
ao estudo da Palavra de Deus, pois cada dia que se passa você vê absurdos
doutrinários e rituais estranhos praticados por aqueles que se dizem
evangélicos. E sabe por quê? Porque quase não estudam, ou não estuda a Bíblia
de jeito nenhum. São os crentes papagaios que fazem tudo por imitação. Mas, o
propósito de Deus é que seus embaixadores sejam instruídos o suficiente para
ter condições de ensinar qualquer pessoa a respeito da salvação.
P.A.B.J. 07.02.15
P.A.B.J. 07.02.15